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Mineral ou químico? Qual o melhor protetor solar para a saúde?

1 Abr 2024 - 04:20

Mineral ou químico? Qual o melhor protetor solar para a saúde?

O receio de algumas pessoas em relação aos protetores solares químicos ainda tem uma presença muito forte nas redes sociais. Algumas questões têm vindo a fomentar este medo, como o facto de, geralmente, só os protetores solares minerais serem recomendados a crianças e grávidas. A isto junta-se a crença de que os produtos naturais são sempre melhores e mais seguros. Mas é verdade que um protetor solar mineral é melhor e mais seguro para a saúde do que um químico?

É melhor para a saúde optar por protetores solares minerais em vez de químicos?

Em declarações ao Viral, a farmacêutica e autora do blogue “Make Down”, Sara Fernandes, e o dermatologista Rui Varela adiantam que os protetores solares minerais não são mais saudáveis que os químicos, já que ambos são seguros e eficazes.

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Sara Fernandes explica que os protetores solares minerais (ou físicos) são compostos por partículas de “óxido de zinco e dióxido de titânio” adquiridas “através de minério”, ou seja, “pós brancos que são habitualmente dispersos em pastas”. Noutro plano, informa a farmacêutica, os protetores solares químicos “são sintetizados em laboratórios”.

É certo que têm surgido algumas polémicas em torno dos protetores solares químicos. Na visão de Sara Fernandes, isto deve-se, em grande parte, ao facto de “os protetores solares serem classificados como fármacos nos Estados Unidos da América, e não como produtos cosméticos, como acontece na União Europeia”. 

Como tal, “são precisos muitos mais testes e muito mais evidência para provar a eficácia de um filtro solar nos Estados Unidos do que na Europa”. Por esse motivo, na Europa e na Ásia (nomeadamente no Japão e na Coreia) existem “protetores solares mais evoluídos” e “mais filtros ao dispor”. 

Por outro lado, “também há alguma polémica que se prende com os filtros que têm um anel de benzeno, porque alega-se que podem ser convertidos em benzeno na pele”, aponta. Mas, perante estas alegações, também falta algum contexto, já que “as quantidades de benzeno presentes nos protetores são residuais”. 

A título de exemplo, a farmacêutica explica que “estamos expostos a mais benzeno ao abastecer o nosso carro do que estamos a usar um protector solar”, ou seja, “estamos mais expostos ao benzeno através de poluição, ao vivermos na cidade, do que ao usarmos um protetor solar”. 

Por isso é que “a toxicologia tem de ser sempre vista em contexto, em dose, em quantidade e em áreas de exposição”, salienta. 

Assim, ambos os especialistas reforçam que os protetores solares químicos são perfeitamente seguros. “Tanto os estudos clínicos em humanos, como relatórios de toxicologia e segurança, bem como a análise do Comité Europeu para a análise toxicológica e segurança de substâncias de uso na cosmética” comprovam essa segurança. 

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Segundo Sara Fernandes, “nos anexos do Decreto-Lei 1223/2009 da União Europeia estão as quantidades de filtros que podemos usar em cada cosmético” de forma segura.

Para mais, “todos os anos, o Infarmed faz um controlo aleatório de protetores solares em que veem se o SPF do rótulo está correto, se os ingredientes estão todos dentro dos limites, através do doseamento que está disposto no Decreto-Lei”, acrescenta.

Então, se os protetores solares químicos são seguros, por que razão não são recomendados para crianças e grávidas? Os dois especialistas explicam que não há estudos em relação à eficácia destes protetores nesta população, porque, refere Sara Fernandes, “não se tem por hábito testar produtos em crianças e grávidas”.

Assim, continua, “como o óxido de zinco e o dióxido de titânio têm uma segurança comprovada em crianças, porque são usados em pomadas muda fraldas”, recomenda-se os protetores solares minerais para esta população.

Isto não significa, contudo, que os protetores solares químicos “sejam inseguros para usar na pediatria”, frisa. Apenas “não há dados, por isso, não se recomenda”, conclui a farmacêutica.

Quais as vantagens e desvantagens de cada tipo de protetor solar?

Segundo Rui Varela, os protetores solares minerais podem ser potencialmente mais vantajosos “nos casos muito raros de alergia a algum filtro químico”.

Contudo, reforça, estas situações são raras “ao ponto de, quando há, ser publicado um relato de caso numa revista”.

Noutro plano, a grande desvantagem dos protetores solares minerais é que “não são agradáveis de usar, espalham mal”. 

Rui Varela salienta que isto não é só um problema estético. “Se eu espalhar um filtro mal, vou ter uma concentração elevada de filtro numa área e ao lado vou ter uma concentração baixa, portanto, não vai haver uma distribuição homogénea”, justifica.  

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Por outro lado, destaca Sara Fernandes, “os filtros químicos, muitas vezes, providenciam-nos protetores solares mais agradáveis, muito mais transparentes” e “mais fáceis de aplicar e reaplicar” para a população em geral.

Com frequência, “os filtros minerais fazem com que as pessoas com uma pele mais escura fiquem cinzentas”, por exemplo. Para mais, “os homens com barba ficam, muitas vezes, com o branco do protetor solar agarrado à barba”. Ao optar-se por filtros químicos não se verificam estes problemas.

“Há características muito mais importantes num protetor do que ser químico ou físico”

Sara Fernandes explica que “cada filtro solar protege uma região do espetro do ultravioleta, por isso, na verdade, o melhor protetor solar que podemos usar é um que tenha a combinação de vários filtros”. 

Rui Varela tem uma perspetiva semelhante, defendendo que “há características muito mais importantes num protetor do que ser químico ou físico, nomeadamente a relação da proteção dos raios UVA e UVB”. 

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O médico esclarece que “o 50+ nas embalagens” refere-se ao nível de proteção dos raios UVB”. Já “a proteção para os UVA é mais difícil de medir, mas deve ser, pelo menos, um terço” da proteção dos UVB.

Como saber se um protetor tem a proteção UVA recomendada? Segundo o dermatologista, o produto tem de ter as letras “UVA dentro de um círculo”. 

Outra caraterística muito importante num protetor solar “é a fotoestabilidade e a resistência à água”, acrescenta. Esta qualidade é relevante “em contextos de prática de desporto, praia e piscina”, em específico para as crianças, “porque passam muito tempo na água”, conclui Rui Varela.

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Pele

1 Abr 2024 - 04:20

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